nëss é ume singer-songwriter com ascendência na Guiné-Bissau, natural das Mercês (na linha de Sintra), nascide por entre o betão dos bairros periféricos e dos skate parks, dos smartphones a bombar kizomba e trap, dos regressos sonâmbulos a casa de comboio, das famílias que não escolhemos e daquelas que nos acolhem.

As suas canções são um livro aberto para as fragilidades, medos e anseios da sua identidade não-binárie, queer e racializada – basta ouvir temas como a folk introspectiva de “how much i cared will never reach its peak” ou a orgulhosamente punk “don’t ask, it’s rude” –, mas também das suas vivências nos subúrbios de Lisboa e a consciência de classe que essa experiência lhe trouxe – “loop” é um verdadeiro hino de como a rotina cansativa pode levar à exaustão.

Estreou-se na Troublemaker Records, coletivo POC, queer e independente fundado oficialmente em 2018 e, desde então, a sua música foi abraçando sonoridades ligadas ao punk e à folk alternativa. Podemos ouvir ecos da fúria de umas Sleater-Kinney, do confessionalismo despudorado de Bright Eyes e Elliot Smith ou da melancolia de Mazzy Star e Cocteau Twins.

Em Portugal, nëss já atuou em alguns dos palcos mais emblemáticos – como a Galeria Zé dos Bois, Damas, B.Leza, SMUP, MAAT, Festival Ano 0 e Noite Raposa na ADAO, Festival A Porta em Leiria – mas também fora de Portugal, no festival ITHAKA, em Medellín, Espanha.

Em 2024, vai lançar um novo disco, que certamente significará um aguardado renascimento criativo.